Carolina Vianna
A Reforma Tributária 2026, derivada da Emenda Constitucional nº 132/2023 (resultado da PEC 45/2019), representa uma das maiores mudanças no sistema tributário brasileiro em décadas.
Empresários e gestores precisam estar atentos desde já para garantir conformidade fiscal, adaptar seus processos e se organizar diante das mudanças nas obrigações.
Com a unificação de tributos, adoção de novas regras de creditamento e transição gradual entre sistemas antigos e novos, quem usar sistemas de gestão (ERP) preparados para lidar com a reforma e se planejar com antecedência sairá na frente.
Leia o artigo e entenda o que vai mudar, quem será mais afetado e o que fazer para adequar a sua empresa.
O que muda com a Reforma Tributária a partir de 2026?
O ponto central da Reforma Tributária é a substituição de cinco tributos atuais, o ICMS, o ISS, o IPI, o PIS e o Cofins por dois principais: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Ambos terão alíquotas uniformes e valerão para várias operações de bens e serviços. A ideia é simplificar o sistema, reduzir distorções e ampliar a transparência na arrecadação.
Além deles, haverá também o Imposto Seletivo (IS), que incidirá sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e veículos automotores.
Outra novidade é a adoção plena do princípio da não cumulatividade. Isso significa que gastos com insumos, itens de uso e consumo e até mesmo ativos imobilizados passarão a gerar crédito tributário integral, reduzindo o chamado “efeito cascata”.
Também haverá a chamada tributação “por fora”, ou seja, o IBS e a CBS não entrarão na base de cálculo de si mesmos, evitando o acúmulo de imposto sobre imposto, algo comum no ICMS, ISS e PIS/Cofins de hoje.
Como será o período de transição da Reforma Tributária?
Para que a transição ocorra de forma menos abrupta, foi definido um período de testes e convivência entre os dois sistemas, que vai de 2026 até 2032, quando os novos tributos serão gradualmente incorporados e os atuais reduzidos.
Esse processo exigirá que as empresas convivam com sistemas paralelos de tributação por alguns anos, o que torna ainda mais importante o apoio de ferramentas de gestão fiscal capazes de lidar com regras distintas ao mesmo tempo.
Quais setores serão mais impactados pela Reforma Tributária?
Apesar de todas as empresas serem afetadas, alguns setores sentirão de maneira mais intensa os efeitos da Reforma Tributária.
Indústria | Pode se beneficiar com a possibilidade de créditos mais amplos em suas cadeias produtivas. |
Prestadores de serviços | Hoje pagam tributos em patamares relativamente menores em alguns municípios, e tendem a enfrentar aumento de carga tributária com a padronização das alíquotas. |
Agronegócio | Fortemente dependente de operações interestaduais, enfrentará desafios de adaptação às novas regras de destino da tributação e às mudanças no fluxo de créditos. |
Comércio e varejo | Passarão por uma simplificação de tributos que pode reduzir a complexidade do dia a dia, mas trará impacto nos preços e margens, especialmente para lojistas que compram de diferentes estados. |
Turismo, hotelaria e restaurantes | A mudança deve representar aumento de custos, já que muitos negócios se beneficiam hoje de ISS reduzido em seus municípios e terão de se adaptar à alíquota padrão |
Construção civil | Sempre lidou com a sobreposição de ICMS e ISS sobre materiais e serviços; a ampliação do crédito tributário tende a reduzir distorções, mas a possível perda de regimes especiais pode elevar o custo final de obras e imóveis. |
Energia e combustíveis | Setores estratégicos que têm regimes de tributação próprios e precisarão se adequar a uma nova lógica de arrecadação e repasse. |
Saúde e educação | Áreas que devem impactar diretamente o consumidor. Apesar da previsão de exceções e possíveis reduções de alíquotas, ainda há o risco de encarecimento de mensalidades e procedimentos. |
Tecnologia e economia digital | Empresas que se beneficiavam de alíquotas reduzidas de ISS em alguns municípios terão que lidar com a padronização e a cobrança por destino, perdendo parte do diferencial competitivo, mas ganhando maior previsibilidade na geração de créditos. |
Independentemente do ramo de atividade, a Reforma Tributária exigirá reorganização de preços, contratos e notas fiscais.
A lógica de precificação precisará ser revista para refletir corretamente os novos tributos, o que pode eliminar vantagens fiscais hoje obtidas em localidades específicas.
Além disso, haverá mais rigor nas obrigações acessórias, demandando relatórios claros, dados confiáveis e integração entre as áreas contábil, fiscal e financeira para evitar riscos de não conformidade.
5 ações que você pode tomar agora para se antecipar às mudanças de 2026
Para não sofrer com desorganização, perdas financeiras e complicações desnecessárias, é possível tomar algumas atitudes para se antecipar às mudanças da Reforma Tributária:
1. Revisar o regime tributário atual da empresa.
Verifique se a sua empresa está no regime Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro Presumido e quais vantagens e desvantagens terá com o novo sistema. Faça simulações de cenários com IBS/CBS para entender se o regime atual será mais ou menos favorável.
2. Mapear os tributos que mais impactam a sua operação
Identifique quais tributos consumidos atualmente (ICMS, ISS, IPI, PIS, Cofins) têm maior peso em seus insumos, custos operacionais e preços de venda. Em seguida, faça um levantamento interno de entradas (compras, ativos, estoque) que poderiam gerar créditos sob o novo regime.
3. Revisão de contratos e fornecedores
Analise contratos de compra, serviços, transporte, exportação/importação para cláusulas de tributos, reajustes e quem arca com cada custo tributário. Também é importante negociar com fornecedores para obter notas fiscais corretamente estruturadas (descrição, insumos, códigos fiscais) para que o crédito tributário seja aproveitável.
4. Adequação de sistemas de gestão
O ERP utilizado deve permitir a configuração de regimes diferentes (antes, durante e depois da transição), controle de crédito de imposto em entradas, diferenciação de alíquotas, emissão de notas fiscais com novos tributos. Além disso, certifique-se de que ele consiga gerar relatórios de compliance, auditoria fiscal e monitoramento de tributos em diferentes níveis (municipal, estadual, federal).
5. Capacitar a equipe contábil e financeira com base nas novas regras.
Invista em treinamento para sua equipe contábil, fiscal e financeira sobre os conceitos de IBS/CBS, não cumulatividade, tributação por fora, regras de transição.
Considere consultorias especializadas ou parcerias com escritórios de contabilidade que estejam acompanhando de perto o desenvolvimento legal da reforma. Além disso tudo, você também pode contar com a própria Keevo para se manter informado.
A Reforma Tributária com início de implementação em 2026 vai introduzir mudanças profundas nos tributos sobre consumo no Brasil.
Entretanto, não é necessário sofrer por antecedência: mesmo que o cenário de Reforma Tributária possa ser associado a estresse, se você se preparar bem, se apoiar em parceiros confiáveis e aproveitar o tempo que terá pela mudança ser gradual, pode ser que você encontre até mesmo formas de se beneficiar.
Seja proativo: revise regimes, ajuste sistemas, treine a equipe e mapeie impactos. Assim você evita não só riscos, mas também potencialmente reduz custos, ganha eficiência e competitividade.
Na Keevo Software, entendemos que o sucesso nessa transição depende de sistemas de gestão (ERP) bem configurados, integrados e capazes de acompanhar novas exigências e garantir conformidade.
Leia o artigo “Reforma Tributária: entenda o impacto das novas regras de impostos na rotina da sua empresa” para complementar o que você aprendeu neste artigo.