
Iuli Fialho
Falar sobre saúde mental no trabalho deixou de ser opcional. Cada vez mais, empresas entendem que cuidar das pessoas é também cuidar da produtividade, da retenção e da cultura organizacional.
O problema é que, muitas vezes, o RH quer agir, mas não tem uma base sólida para justificar suas ações.
Sem dados, tudo fica no campo do discurso ou em iniciativas pontuais que não trazem resultados consistentes.
Neste artigo, você vai descobrir como o RH pode usar dados e indicadores confiáveis para estruturar ações mais estratégicas, transformando a escuta ativa em planos reais que conectam bem-estar, performance e saúde emocional no trabalho.
Continue a leitura e veja como dar os primeiros passos.
Saúde emocional no trabalho: mais do que uma tendência
Nos últimos anos, especialmente após a pandemia, você deve ter notado que o debate sobre saúde emocional ganhou um espaço inédito dentro das empresas.
Para muitos profissionais, esse período foi um ponto de virada: ficou claro que produtividade e bem-estar caminham lado a lado.
O desafio, agora, é não deixar que o tema seja tratado como algo passageiro. A saúde mental no trabalho é uma pauta contínua, ligada diretamente a riscos psicossociais, turnover, absenteísmo e até à capacidade de inovação de uma equipe.
Em muitas organizações, as iniciativas de saúde emocional começam por campanhas de conscientização ou palestras.
Todas essas ações têm valor, mas ganham força quando estão conectadas a um plano consistente. Iniciativas que unem escuta ativa e proximidade do RH tendem a se refletir diretamente na rotina de trabalho.
Se a saúde emocional precisa ser tratada como algo contínuo, o próximo passo é entender como medir e sustentar esse cuidado.
É aqui que os dados entram em cena. Continue a leitura!
Por que o RH precisa de dados para agir com segurança?
Talvez você já tenha se perguntado: “Será que essa ação de bem-estar realmente vai impactar minha equipe ou estou apenas repetindo algo que já foi feito antes?”
Sem dados, qualquer iniciativa de saúde mental pode acabar sendo genérica. E, sem essa base, os recursos podem acabar sendo direcionados de forma equivocada, sem atingir as causas reais dos problemas.
O uso de dados dá legitimidade às ações. Ele ajuda o RH a sair da intuição e propor medidas baseadas em evidências.
Além disso, cria condições para monitorar se o que foi implementado está de fato trazendo resultados.
Um dos pontos de partida é a escuta ativa: pesquisas de clima, rodas de conversa, canais de feedback e até formulários anônimos são ferramentas acessíveis para captar percepções da equipe.
Essas informações podem ser cruzadas com indicadores já disponíveis para o RH, como:
- Turnover: altos índices podem sinalizar problemas no clima e na saúde emocional.
- Absenteísmo: faltas frequentes ou afastamentos recorrentes indicam sobrecarga, ou desmotivação.
- NPS interno ou eNPS: mede o quanto os colaboradores recomendariam a empresa como lugar para trabalhar.
- Horas extras e sobrecarga: jornadas prolongadas e horas extras frequentes aumentam o risco de burnout e problemas de saúde relacionados ao estresse.
Esses dados não são apenas números: quando interpretados, eles contam histórias sobre como os colaboradores estão vivendo a rotina de trabalho e oferecem uma base segura para agir, ajudando o RH a transformar essas informações em ações que façam diferença no dia a dia da equipe.
É importante garantir anonimato e confidencialidade na coleta, para que os colaboradores se sintam seguros em compartilhar informações sensíveis.
Como transformar escuta em plano de ação?
Coletar dados é só o começo. O desafio está em transformar essas informações em iniciativas que façam sentido para a sua equipe. Você pode adotar algumas ações práticas que possibilitam valorizar ainda mais a sua atuação:
- Escuta: aplique pesquisas rápidas, promova conversas estruturadas e incentive feedbacks constantes.
- Análise: identifique padrões. Por exemplo, se muitos relatam cansaço ou excesso de carga, esse é um sinal claro de risco.
- Priorização: defina quais temas precisam de resposta imediata e quais podem ser tratados a médio prazo.
- Ação: estruture iniciativas que enfrentem de forma objetiva as causas levantadas.
Vale lembrar: é possível começar com ações simples que podem fazer diferença no dia a dia da equipe, mesmo com baixo orçamento.
Aqui vão algumas ideias que você pode aplicar:
- Ajustar jornadas de trabalho em áreas sobrecarregadas.
- Criar pausas programadas ou espaços de descanso.
- Convidar especialistas para rodas de conversa sobre bem-estar.
- Implementar programas de mentoria entre pares para apoio emocional.
O RH, nesse processo, atua como articulador de redes de cuidado. Isso significa que não precisa executar tudo sozinho, mas sim conectar colaboradores, líderes e especialistas para que as soluções sejam sustentáveis.
Além dos indicadores quantitativos, relatos qualitativos e entrevistas individuais podem revelar nuances que os números sozinhos não mostram.
O cuidado começa nos dados, mas se sustenta na cultura
Os dados ajudam você a entender as dores da equipe, mas sozinhos não garantem que as mudanças se mantenham. A cultura organizacional pode ajudar a sustentar essas iniciativas ao longo do tempo.
E aqui entra o papel das lideranças. Não adianta o RH levantar informações, propor iniciativas e aplicar pesquisas se os gestores não estão engajados em apoiar.
A liderança é quem dá legitimidade no dia a dia: ao acolher feedbacks, ajustar práticas de gestão e incentivar o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
É importante lembrar: o RH não pode carregar sozinho a responsabilidade pela saúde mental no trabalho. Ele é o ponto de articulação, mas precisa do apoio de líderes e da alta gestão para que o cuidado emocional não se torne apenas discurso.
Quando a empresa integra saúde mental à sua cultura, ela não só reduz riscos e custos como afastamentos e rotatividade, mas também fortalece engajamento, produtividade e até a atração de talentos.
Dados representam segurança para cuidar de pessoas com responsabilidade
Cuidar da saúde mental no trabalho exige mais do que boa vontade. Para transformar intenções em práticas consistentes, o RH precisa de dados, escuta ativa e indicadores confiáveis.
Métricas como turnover, absenteísmo, eNPS e sobrecarga de jornada ajudam a identificar riscos e priorizar o que realmente importa para a equipe.
Quando o RH se posiciona como agente estratégico nesse processo, ele mostra que bem-estar e performance não são opostos, mas partes da mesma equação.
Agir com base em dados dá segurança para tomar decisões mais assertivas e garante que cada ação tenha impacto real na rotina e no equilíbrio emocional dos colaboradores.
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