Jefferson Batista
Cuidar das pessoas vai muito além de boas intenções. No dia a dia do RH e do Departamento Pessoal, o desafio é transformar esse cuidado em ações concretas, com coerência entre normas, atitudes e segurança.
É aqui que dois temas se encontram: LGPD no RH e bem-estar emocional no trabalho. De um lado, a proteção de dados sensíveis assegura que informações pessoais dos colaboradores sejam tratadas com sigilo e responsabilidade. Do outro, o cuidado emocional cria um ambiente mais humano e de confiança.
Quando esses dois pilares caminham juntos, o resultado pode ser uma cultura de cuidado sólida, que tende a proteger, engajar e transformar a forma como a empresa se relaciona com as pessoas.
Mas como aplicar isso de forma prática, mesmo com poucos recursos?
É o que você vai entender agora. Continue a leitura para descobrir como o RH e o DP podem unir conformidade e empatia, transformando obrigações legais em ações reais de cuidado!
O que significa cultura de cuidado na prática?
Falar em “cultura de cuidado” é falar sobre coerência. Não adianta lançar um programa de saúde mental se, ao mesmo tempo, os colaboradores não confiam que suas informações serão mantidas em sigilo.
Na prática, cultura de cuidado é um conjunto de atitudes e processos que demonstram respeito verdadeiro pelas pessoas, e não ações pontuais ou de marketing interno.
Quando as iniciativas do RH e DP não estão conectadas, os resultados podem incluir baixa adesão e desconfiança. Já quando há consistência entre o discurso e a prática, as equipes percebem que a empresa realmente se importa.
Em resumo: cultura de cuidado é sobre segurança, coerência e continuidade. É o cuidado emocional fundamentado, que auxilia no aumento de confiança e pertencimento.
LGPD no RH e DP: o que está em jogo?
Nem sempre todo mundo se dá conta de quanto o RH e o DP lidam diariamente com dados sensíveis: atestados médicos, laudos, avaliações psicológicas, históricos de afastamento e até informações sobre saúde mental.
Esses dados são protegidos por lei, e qualquer descuido pode trazer riscos sérios, tanto para as pessoas quanto para a empresa. Vazamentos, acesso indevido e má gestão dessas informações podem gerar processos, sanções legais e perda de credibilidade.
Para contribuir para a segurança jurídica no cuidado com pessoas, algumas práticas simples já fazem diferença:
- Crie uma política clara de tratamento de dados e mantenha-a acessível;
- Defina quem pode acessar cada tipo de informação;
- Garanta armazenamento seguro, seja digital ou físico;
- Invista em capacitação básica sobre sigilo e responsabilidades.
Adotar a LGPD nos processos de DP e RH não é apenas uma exigência legal, mas também demonstra respeito e cuidado com quem faz a empresa acontecer.
E é justamente nesse cuidado com a segurança dos dados que nasce a base da confiança: quando colaboradores sabem que suas informações estão protegidas, tende a ser mais fácil cuidar do bem-estar emocional.
Afinal, bem-estar emocional exige confiança, e confiança exige segurança.
Bem-estar emocional exige confiança e a confiança exige segurança
O bem-estar emocional no trabalho é um tema cada vez mais discutido, mas ainda encontra uma barreira invisível: a falta de confiança.
De nada adianta abrir espaço para conversas sobre saúde mental se o colaborador tem receio de que suas informações sejam usadas contra ele. Isso pode acontecer quando a empresa não deixa claro como as informações serão tratadas ou quem terá acesso a elas.
Sem transparência e segurança, programas de apoio psicológico ou escuta ativa podem perder eficácia. O cuidado emocional precisa estar sustentado por um compromisso ético com a privacidade.
Pense em dois exemplos:
- Um colaborador procura o RH para pedir apoio psicológico. Se ele percebe que outros saberão do seu caso, ele provavelmente evitará pedir ajuda novamente;
- Uma empresa promove uma pesquisa sobre clima e saúde mental, mas não explica como os dados serão usados. Resultado: respostas pouco sinceras e nenhum avanço real.
A confiança pode surgir do sigilo. Por isso, cuidar do bem-estar emocional também pode envolver aplicar os princípios da LGPD: finalidade, necessidade, segurança e transparência.
Quando o colaborador sente que pode confiar, ele se engaja, compartilha e participa ativamente. E é nesse ponto que a cultura de cuidado deixa de ser apenas um discurso.
Como LGPD e NR‑1 se conectam na prática?
A NR-1 fala sobre as obrigações gerais de saúde e segurança no trabalho. Ela introduz o conceito de Gestão de Riscos Ocupacionais (GRO), que agora inclui tanto riscos físicos quanto psicossociais, como estresse, ansiedade, assédio ou sobrecarga mental.
Já a LGPD trata da proteção de dados. Mas, na prática, as duas se cruzam: qualquer ação de cuidado emocional ou prevenção de riscos psicossociais envolve o tratamento de informações sensíveis.
Por exemplo:
- Se a empresa realiza um levantamento sobre o nível de estresse dos colaboradores, os dados devem ser coletados com consentimento e segurança.
- Se o RH acompanha casos de afastamento por burnout ou depressão, é essencial garantir sigilo absoluto sobre laudos e diagnósticos.
Ou seja, a LGPD e a NR-1 caminham de forma complementar. Uma visa proteger as pessoas do ponto de vista da privacidade, a outra, da saúde e da integridade física e emocional.
Quando aplicadas juntas, elas podem contribuir para fortalecer a confiança interna, reduzir riscos jurídicos e ajudar a construir uma cultura organizacional mais ética e sustentável.
Quer colocar tudo isso em prática mesmo com poucos recursos? Descubra como proteger dados, cuidar do bem-estar emocional e fortalecer a confiança da sua equipe, sem precisar de uma grande estrutura.
Como começar com poucos recursos?
A NR-1 não precisa ser vista apenas como uma obrigação legal, ela pode ser uma oportunidade para o DP e o RH se reposicionem estrategicamente na empresa.
No People Day, Sônia e Ana Carolina mostraram como unir estratégia e cuidado: compartilharam experiências reais de empresas que transformaram a norma em ponto de virada, reforçando que o DP pode ser protagonista na criação de uma cultura de prevenção.
Toda ação de cuidado emocional ou prevenção de riscos psicossociais envolve o tratamento de informações sensíveis, desde atestados e laudos até dados sobre saúde mental. Aplicar LGPD junto com a NR-1 pode auxiliar no sigilo, transparência e segurança, contribuindo para a confiança dos colaboradores e reduzindo potenciais riscos legais.
Quando a empresa entende essa relação é possível:
- Transformar a norma em argumento estratégico, mostrando como a conformidade pode se traduzir em valor real para a empresa;
- Sensibilizar lideranças e influenciar decisores, usando dados protegidos e seguros para tomadas de decisão sobre prevenção e bem-estar;
- Assumir um papel central no clima organizacional, cuidando da saúde, segurança, bem-estar e privacidade dos colaboradores.
Gostou desse conteúdo? Leia também: Como a atualização da NR-1 pode transformar o DP em protagonista da prevenção e descubra como a atualização da norma pode gerar valor real para sua empresa.
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